Partindo de uma discussão sobre a atração que a personagem C.G. Jung e o movimento junguiano exercem sobre os místicos, pretende-se apontar os efeitos deletérios que isso tem para a afirmação da área não somente frente à Ciência, mas frente às outras abordagens psicoterapêuticas. Num segundo momento, pretende-se exercitar uma leitura – conduzida com “aproximação e distanciamento crítico” – da forma religiosa como os junguianos estabeleceram sua relação com as ideias de Jung. Pretende-se apresentar uma breve discussão sobre as contribuições dos três heterônimos (metafóricos) do homem de Zurique (o “cientista, o “ensaísta” e o “terapeuta”) e refletir sobre o modo como o apego dos junguianos a conceitos e temas como arquétipos, sincronicidade, Si Mesmo, alquimia, etc. (incluindo a práticas questionáveis como a astrologia, pseudocientíficas como a homeopatia, e despropositadas como aplicações psicológicas para a “física quântica” – sempre com a frouxa justificativa do simbólico), funciona como um limitador para a valorização das reais contribuições junguianas – como, por exemplo, a teoria dos complexos e a sua original abordagem dos sonhos e da criatividade. Argumenta-se que muito da prática dos junguianos hoje se baseia mais em um desejo inconsciente de auto empoderamento através da fantasia de dominar um conhecimento transcendental do que em, de fato, construir uma prática e uma epistemologia fundamentadas em evidências. Finalmente, propõe-se uma reflexão sobre as possibilidades que um investimento sincero em submeterem-se os conceitos junguianos a confirmações experimentais que as retirem do mar de justificativas anedóticas que as mantém mergulhadas no “lodo negro do ocultismo” podem trazer para o campo da Ciência Psicológica.
Claudio Paixão Anastácio de Paula
Atualmente realizando estágio Pós-Doutoral no “Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia” (Ibict/RJ), vinculado ao “Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações” (MCTI). Entre os anos de 2020 e 2021 atuou como Professor Residente no “Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares” (IEAT) da UFMG. É Doutor em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo (2005), mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais (1999), graduado em Psicologia – Habilitação em Psicologia Clínica – pela Fundação Mineira de Educação e Cultura (1994) e possuindo bacharelado e licenciatura em Psicologia pela mesma instituição (1993). Foi Membro do Comitê Executivo da International Association for Junguian Studies (IAJS) por um breve período entre 2006 e 2007. Atualmente é Professor Associado do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde coordena o Gabinete de Estudos da Informação e do Imaginário (GEDII) – grupo de pesquisa registrado no diretório de grupos de pesquisa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).