Esse é um curso que versa sobre o modo como as transformações históricas pelas quais passaram as ideias de deus e de arquétipo contribuíram para a gestação de ideias centrais à modernidade como as ideias de indivíduo, natureza, sentimento, trabalho, ciência e mercado. A religiosidade dentro da qual a modernidade foi gestada é comumente pensada como um detalhe extrínseco. A tese que seguiremos nesse curso afirma o contrário, que as ideias fundamentais à modernidade surgiram paradoxalmente a partir de mudanças internas à esfera metafísico-religiosa. Partindo da crítica nominalista de William de Occam, reconstruiremos a história do Iluminismo mostrando como ele surgiu a partir do refinamento da teologia de um deus absconditus que não se relaciona mais arquetipicamente com o mundo e sim instrumentalmente. Esse deus se torna o modelo de homem Iluminista que passa a olhar a natureza externamente, como um instrumento a ser utilizado de acordo com uma vontade livre de pré-configurações arquetípicas. Continuaremos expondo a forma como o animismo negado na modernidade retorna no núcleo daquilo que o nega, fazendo com que a produção industrial baseada na razão instrumental dependa de um fetichismo publicitário para seduzir as pessoas a consumirem aquilo que é produzido. Na sequência mostraremos como o Utilitarismo Iluminista se tornou um Neoliberalismo e como o social negado pela sua ênfase individualista retorna da sua negação fazendo com que o sentimento de individualidade dependa do reconhecimento de sua eficiência performática pelo outro.